A Confederação Nacional dos Trabalhadores
em Educação – CNTE, entidade representativa de mais de 4,5 milhões de
trabalhadores das escolas públicas brasileiras de nível básico,
aproveita a oportunidade para, publicamente, rememorar as duas décadas
que o Brasil passou a viver sem o maior pedagogo de todos os tempos, o
pernambucano Paulo Freire.
Há exatos 20 anos, no dia 2 de maio de 1997, Paulo Freire nos deixava
para entrar, definitivamente, na História. Referência notável como um
dos maiores educadores e pedagogos em todo o mundo, Paulo Freire, de
forma absolutamente justa, tornou-se o patrono da educação brasileira.
Pernambucano de Recife, nascido ainda no ano de 1921, Paulo Freire
notabilizou-se por criar uma metodologia única na Pedagogia a partir da
visão de que a educação deve ser, antes de tudo, um instrumento para a
libertação e emancipação das pessoas e, em decorrência disso, um
instrumento de mudança da sociedade. Frase célebre dele é a que dizia
que não é a educação que muda o mundo: a educação muda as pessoas e são
essas os verdadeiros agentes de mudança do mundo.
Criador da Pedagogia do Oprimido, o aspecto mais central de sua obra
fazia menção e referência a uma educação crítica e, dizia ele, o
processo educacional não deveria se ater a ser um mero reprodutor de
conteúdo, mas, sobretudo, um instrumento de emancipação do educando,
partindo sempre da realidade concreta da vida das pessoas. Sua obra se
prestou a ser uma importante referência nas campanhas de alfabetização
no Brasil na década de 1960 e, por isso, foi acusado de subversão pelo
regime militar vigente à época no país. Como exilado, rodou o mundo
inteiro e, lá fora, também foi reconhecido como um dos maiores
pensadores no campo da educação.
Com vasta experiência tanto na academia quanto no campo da gestão
pública, Paulo Freire nos deixa um legado que faz orgulho a todos nós
brasileiros/as. A sua ascendência moral sobre a prática e o pensar
pedagógicos faz da educação, até os dias de hoje, a melhor alternativa
para se mudar o mundo, com mais justiça e igualdade sociais.
Ao rememorarmos essas duas décadas da morte de Paulo Freire, é
impossível não repudiar proposições legislativas, como o Projeto de Lei
da Escola Sem Partido que, desde as Câmaras Municipais até o Congresso
Nacional, passando pelas Assembleias Legislativas dos Estados, são
apresentadas em profusão, ofendendo aqueles ensinamentos deixados por
Paulo Freire. Na contramão de uma educação que se preste a emancipar o
ser humano, projetos dessa estirpe pautam somente o cerceamento da
liberdade e o fomento à escravidão das ideias e do analfabetismo
político e funcional dos estudantes em particular e da sociedade em
geral. A educação não pode se prestar a outra coisa se não for na
direção da liberdade e da emancipação das pessoas de toda espécie de
amarras e opressões.
A CNTE presta esta justa homenagem dos educadores/as brasileiros/as a
este que, até hoje, inspira e ilumina as ações de todos os
trabalhadores/as que fazem e promovem a educação no Brasil. Não por mera
coincidência, o 33º Congresso Nacional de nossa entidade, ocorrido no
último mês de janeiro aqui em Brasília, e que reuniu quase 3.000
educadores de todo o país, homenageou, na ocasião, este ilustre
brasileiro. Paulo Freire vive nos corações e mentes de todos! Paulo
Freire, mais do que nunca, nos inspira a lutar por um Brasil mais livre,
soberano e justo!
Fonte: CNTE
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