Cerca de 500 educadores de escolas públicas da Chapada da Diamantina e
do Semiárido baiano fizeram hoje (17), em Brasília, um ato em defesa da
educação. Vestindo camisetas do movimento Educação em nossas Mãos, o
grupo portava faixas e cartazes em que pediam mais investimentos no
setor. A chegada de outros dois ônibus, com cerca de 90 pessoas, é
esperada ainda hoje.
O grupo chegou à capital federal de madrugada. Os manifestantes
ocuparam uma das seis faixas do Eixo Monumental, uma das principais vias
da região central de Brasília, e marcharam da Catedral Metropolitana
até o Congresso Nacional.
“Viemos a Brasília, centro decisório do país, com o intuito de influenciar nossos governantes”, disse à Agência Brasil
a diretora do Instituto Chapada de Educação e Pesquisa, Cybele Amado de
Oliveira, explicando que o grupo já fez outros atos no interior baiano.
“Mas aqui estão o Congresso Nacional, os ministérios, todos [os órgãos e
pessoas] que deveriam estar absolutamente voltados para a educação.”
O grupo armou uma grande lona no gramado central da Esplanada, onde irá
organizar uma série de debates. Na segunda-feira (19), os
representantes do movimento têm reuniões agendadas com senadores. E
esperam ser recebidos pelo ministro da Educação, Henrique Paim, a quem
querem entregar um documento com algumas das principais propostas do
movimento, como a vinculação do pagamento do Bolsa Família a resultados
efetivos na escola além da frequência e a garantia legal de que
programas e ações de governo, nas três esferas, tenham continuidade após
mudanças de governo. Uma versão final do documento deverá ser entregue
aos candidatos à presidência da República.
“Estamos discutindo algo como uma lei que acabe com a descontinuidade
que afeta a educação brasileira. Após cada eleição, principalmente
municipais, aulas são paralisadas, a distribuição de merenda e material
escolar é descontinuada, mudam-se programas e o transporte escolar é
interrompido”, acrescentou Cybele.
Ao falar sobre as carências da educação brasileira, Cybele comentou a prisão,
esta semana, dos prefeitos das cidades baianas de Fátima e de Sítio do
Quinto, além de ex-prefeitos, vereadores, secretários municipais e
funcionários públicos desses e de mais 18 municípios baianos, por
suspeita de participação em um esquema que, segundo a Polícia Federal
(PF), desviou pelo menos R$ 70 milhões dos cofres das prefeituras. Ainda
de acordo com a PF, boa parte do dinheiro foi desviada do Fundo de
Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos
Profissionais da Edução (Fundeb), entre 2009 e 2014.
“Todo esse grupo aqui acompanha as comissões que, nos municípios da
Chapada Diamantina, regulam os recursos públicos. Sabemos, portanto, dos
desafios para o setor. Na situação que vivemos hoje, com tantas
demandas, vemos recursos sendo desviados. Por isso é necessário que haja
comitês eficientes para que a sociedade possa monitorar a aplicação do
dinheiro público”, concluiu a diretora.
Edição: Juliana Andrade
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